O arco japonês
A presença dos arcos no mundo é muito antiga. Acredita-se que desde fins da
Idade da Pedra, o arco já era usado no Oriente Próximo e Médio. No Japão não
foi diferente e há vestígios, de que os primeiros arcos japoneses vêm dessa
época. Um exemplo é um sino de bronze encontrado em que há desenhos inscritos,
datado do fim da Idade da Pedra. Por isso também é comum se dizer que o kyūdō,
o caminho do arco, é a mais antiga das artes marciais tradicionais do Japão, já
que arcos têm sido usados desde a Pré-História.
O período feudal japonês (1187-1867)
Quando Yoritomo de Minamoto deu início ao Xogunato em Kamakura (inaugurando
a Era Kamakura e, com ela, o período feudal), estabeleceu também o código de
comportamento e pensamento do guerreiro, pregando que através da técnica de
arco-e-flecha a cavalo (kyūba) poderia se dar o desenvolvimento do espírito.
Para o disciplinamento da mente e do corpo, assim como para a prática das
técnicas de combate, eram realizadas cerimônias de kyūba, como a inu-ōmono,
a kasagake etc.
O desenvolvimento das técnicas
A partir do Período das Duas Cortes (Nambokuchō, 1336-92) e
atravessando da Era Muromati (1392-1573), houve uma inovação de estilo no que
concerne às técnicas de arco-e-flecha.
Na época do Imperador Godaigo, o método de tiro transmitido pela sociedade
feudal foi criado por Nagakiyo e Sadamune Ogasawara, que estabeleceram as
regras de etiqueta do arqueiro a cavalo. Depois, a família Ogasawara tornou-se
instrutora do xogum Tokugawa e sua família. Em termos de registro das técnicas
de tiro da época, o mais detalhado é provavelmente um grande compêndio escrito
por Ryōshun Imagawa.
O arco como disciplina do corpo e da mente
Já em fins da época de Ōda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi (séc. XVI),
começaram a ser importadas armas de fogo e o arco deixou de ser usado como
instrumento de guerra. Em verdade, esses dois generais foram os primeiros a
utilizá-las com sucesso em uma batalha e, após isso, era questão de tempo até
que o fato se consumasse: o arco foi preterido e quase esquecido por completo
com a chegada das armas de fogo. Isso levou as técnicas de arco-e-flecha a se
refinarem cada vez mais com o objetivo de disciplinar o corpo e a mente.
Dentro dessa nova perspectiva, um caso a se ressaltar é o dos torneios de
tiro à longa distância (tōshiya), em que o alvo fica a cerca de 120m e 4,9m de
altura do arqueiro. Existindo desde o séc. XII, especialmente na forma de
“torneios de resistência”, ganhou popularidade por volta do séc. XVI, quando no
período do xogunato Tokugawa grandes mudanças ocorreram na maneira de se
encarar o arco-e-flecha, pelas razões supracitadas.
O torneio no Sanjūsangendō, em Quioto, é o maior desse tipo e ocorre desde
1165. Esses torneios duravam até um dia inteiro e cada arqueiro podia atirar
centenas de flechas. Havia diferentes categorias, como a competição de doze
horas, a de vinte e quatro horas, a de cem flechas e outra de mil flechas. Além
disso, mulheres também podiam participar (a partir da Era Tokugawa). Em 1606, o
recorde era de 51 flechas acertadas, mas, entre 1661-88, esse número chegou a
recordes inimagináveis com os casos de Shigenori Kanzaemon Hoshino e de
Daihachirō Wasa.
Com o prosseguimento da paz na Era Edo, o aperfeiçoamento do arco-e-flecha
continuava, fosse enquanto técnica militar, fosse enquanto “caminho zen”,
estabelecendo-se como disciplinamento para corpo e mente; mas, como o
treinamento militar do fim do feudalismo (período quando dominavam os xoguns)
da Era Edo não tinha por objetivos reais a guerra, um dia tudo parou. Numa
época de ocidentalização e de armas de fogo não havia mais espaço para a
tradição arqueira aparentemente.
No entanto, os treinos de kyūba continuaram a ser realizados, como parte do
treinamento dos graus inferiores dos soldados. Até que no ano 28 da era segunte
(a Era Meiji), aconteceu, em Quioto, o I Encontro Nacional de Artes Marciais do
Japão, no qual, naturalmente, também aconteceram competições de kyūdō,
contribuindo para a revitalização dessa arte.
Com a ocupação americana no Pós-II Guerra, todas as artes
marciais foram proibidas, contribuindo ainda mais para o declínio do kyūjutsu
tradicional. Então, quando a proibição contra artes marciais acabou, o kyūdō (e
não o kyūjutsu) havia se tornado uma prática comum a todo o Japão. Em 1953, a Federação Nacional
de Kyūdō (ZNKR ou ANKF) foi fundada, publicando um manual com seus padrões e
supervisionando o desenvolvimento de kyūdō tanto no Japão quanto em outros
países.
Texto e fotos retirados da internet
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